augusta

Augusta 20 Anos

“A vida é melhor que o cinema” o manifestante grafitou no asfalto em frente ao Espaço Itaú de Cinema da Rua Augusta nas últimas passeatas de junho de 2013. Enquanto lojas rua abaixo foram quebradas, o anônimo manifestante preferiu o asfalto à parede do empreendimento que, nos últimos vinte anos, teima em acreditar no cinema, na rua e na vida.

Criado pela família Moussali nos anos 50, com 1300 lugares e o nome de Majestic, o velho cinema passou por várias empresas até fechar no início dos anos 90. Recuperado e transformado em 3 salas, foi reinaugurado em 06 de outubro de 1993 com a exibição de O Banquete de Casamento, de Ang Lee. Novas luzes nesta rua tão Augusta, como dizia em filme nosso poeta Carlos Reichenbach.

Dedicado ao filme de arte, o novo Espaço acertou ao estabelecer aliança também com o filme brasileiro e ser o estopim da retomada do nosso cinema no início dos anos 90. Num momento de desprezo pelo produto nacional, o Espaço apostou sua programação no talento brasileiro.

Sem perceber, ao dar certo nesta trajetória inicial, o Espaço sacramentou a política do patrocínio cultural e disseminou o modelo de denominação como justo retorno à empresa que investia em cultura e cidadania. Nestes vinte anos, mais de 10 milhões de espectadores se deliciaram ou ficaram bravos com as estripulias artísticas dos filmes exibidos.

O Projeto Escola no Cinema também marcou esta trajetória e, hoje, vê adultos os pirralhos que atrapalhavam o trânsito desta louca Augusta pelas manhãs para poder ver "Balão Vermelho" ou "Menino Maluquinho" ou "Lineia no Jardim de Monet". Foram mais de 2 milhões de crianças atendidas nestas duas décadas.

Os Festivais foram os parceiros desta travessia e, juntos, conseguimos tornar São Paulo uma das cidades mais interessantes em termos de cultura cinematográfica.

A valorização urbana em torno do cinema foi possível graças à persistência dos patrocinadores, que souberam conjugar nestes 20 anos os altos e baixos de nossos modelos culturais em busca da construção de nossa cidadania.

Por fim, se um outro poeta encontrou entre a Augusta e a Angélica a sua Consolação, nós nos mantivemos fiéis à primeira e não sabemos escolher entre o cinema e a vida pois ambos se conjugam nesta rua tão Augusta.

Adhemar Oliveira

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1993

1993

A Grande Estreia

Oscarito e Grande Otelo no filme “A Dupla do Barulho”, foto que virou referência do saguão do Augusta.

Rua Augusta, 1.475: no imóvel anteriormente ocupado pelo Cine Majestic, que agitou a rua de 1949 a 1992, após 7 meses de obras, surge o Espaço Banco Nacional de Cinema. Balcão e plateia do antigo cinema, com 1400 lugares, transformam-se em três salas para 265, 240 e 170 poltronas. Um espaço para exposição de fotos, uma livraria e um café compõem um amplo saguão, onde Oscarito e Grande Otelo dão as boas-vindas a quem chega, em uma reprodução gigante da foto da dupla no filme “A Dupla do Barulho”, de 1953, dirigido por Carlos Manga. Esta foto, presente até hoje, encanta os frequentadores e virou uma imagem referência do Espaço da Augusta, que, mais do que um cinema, despontava como um novo ambiente multicultural na efervescente capital paulista.

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A fachada do antigo Cine Majestic e a primeira fachada do Espaço Itáu, à época, Espaço Banco Nacional de Cinema.

Em 6 de outubro, o novo cinema da Rua Augusta abre suas portas para a festa de inauguração. Com um projeto claro de oferecer ao público uma programação diferenciada, inclusive de produções estrangeiras, o filme exibido na noite de inauguração foi “O Banquete de Casamento”,de Ang Lee. À época, o cineasta de Taiwan ainda era pouco conhecido em terras brasileiras.

O novo Espaço não demorou a cair no gosto do público. Caio Fernando Abreu, em sua coluna no jornal O Estado de São Paulo, escreveu um texto sobre a chegada do Espaço da Augusta e da sua programação, com o título “Um presente lindaço para São Paulo”, que começava assim:

Presente que se preza deve ter forma e conteúdo. Embrulho bonito, crac-crac de celofane ou seda, laço de fita, papel coloridésimo pra gente espatifar suavemente , de pura expectativa. E coisa bonita por dentro também, nem precisa ser cara. Pirulito mesmo serve. Pois semana passada ganhei um presente. Ou melhor, a cidade de São Paulo ganhou um – e dos lindaços –, mas quem deitou e rolou fui eu. Bem que andávamos precisados, ela e eu. Você também, garanto.

Tem um nome, esse presente. Chama-se Espaço Banco Nacional de Cinema*, fica na rua Augusta, 1.475, duas quadras da Paulista em direção ao centro, passando o Frevinho, quase chegando no Longchamp, ali onde era o Cine Majestic. Que felizmente não virou garagem nem supermercado, igreja evangélica ou qualquer monstro tipo pró-barbárie. Esse Espaço é anti-barbárie. Eu falava de forma: tem três salas amplas, confortáveis, aparelhagem de primeira, uma sala de espera imensa com um bar de garotas simpáticas, mais um enorme (e delicioso) pôster de Oscarito e Grande Otelo. Falava de conteúdo: inaugurou com 26 filmes, considerados os melhores da Mostra do Rio de Janeiro.


Você pode conferir a coluna na íntegra, no acervo do jornal: clique aqui

Cartaz do filme “O Banquete de Casamento”, de Ang Lee.

A primeira programação do Espaço Banco Nacional de Cinema foi uma seleção de 26 filmes da 5ª Mostra Banco Nacional de Cinema. Além do filme chinês da noite de abertura, foram exibidos, entre outros, “O Bebê Santo de Macon” do inglês Peter Greenaway, “O Cheiro do Papaya Verde” do vietinamita Tran Anh Hung, "Arizona Dream" de Emir Kusturica, “Olivier, Olivier” de Agniesza Holland, “Wittgenstein” de Derek Jarman. Todos depois colocados em cartaz e com grande sucesso de bilheteria.

Entrar no Espaço da Augusta é participar de uma tribo das mais interessantes e estar up-to-date com os lançamentos do melhor cinema mundial. Desde a primeira vez que assisti a um filme numa de suas salas, no ano da inauguração, tive a sensação de pertencimento à categoria dos amantes da sétima arte. Privilégio! Parabéns Augusta!

Andréa Nogueira (frequentadora)

Não tenho imagens ou fotos mas tenho um grande prazer quando vou a este local.

Dalva Scarpitti (frequentadora)

1994

1994

Um Ambiente Multicultural

O cineasta Carlos Reichenbach em frente à pequena galeria do saguão do cinema.

Ao longo desses 20 anos, ocorreram inúmeras mostras, debates, projetos e pré-estreias, transformando o Espaço da Augusta em ponto de referência e vitrine do cinema brasileiro em São Paulo. A primeira pré-estreia foi “Alma Corsária" de Carlos Reichenbach, iniciando a lista dos filmes da chamada Retomada do Cinema Nacional. Nesse mesmo ano foram lançados “Lamarca” de Sérgio Rezende,“Veja Esta Canção” de Cacá Diegues, “A Terceira Margem do Rio” de Nelson Pereira dos Santos, “Vagas para Moças de Fino Trato” de Paulo Thiago, “Barrela – Escola de Crimes” de Marco Antônio Cury.

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Os diretores Joel e Ethan Cohen no saguão do cinema.

Um dos grandes momentos do Espaço Banco Nacional de Cinema foi a presença de Joel e Ethan Coen na estreia do filme “A Roda da Fortuna”. A 6ª Mostra Banco Nacional de Cinema também trouxe vários filmes e convidados nacionais e internacionais, entre eles a atriz francesa Isabelle Huppert, pelo filme “Amateur” de Hal Hartley, Gabriel Axel diretor dinamarquês com o filme “Príncipe de Jutland” e Roger Corman, diretor e produtor norte-americano, acompanhando uma retrospectiva de seus filmes, em grande encontro com José Mojica Marins, cineasta e criador do personagem Zé do Caixão. Para abrir a versão paulistana da 6ª Mostra, foi exibido , em pré-estreia, o filme “Sábado” de Ugo Giorgetti.

A atriz Glória Menezes cumprimenta o diretor de teatro Antunes Filho no saguão do Espaço; Antônio Abujamra e Regina Duarte na pré-estreia de “Sábado”, de Ugo Giorgetti; Zé do Caixão (José Mojica Marins) e Roger Corman; Gabriel Axel conversa com o ator Otávio Augusto.

Darcy Ribeiro no evento “Banco Nacional de Ideias”, realizado no Espaço.

Em 1994 e 1995, o Espaço recebeu o evento Banco Nacional de Ideias, um ciclo de conferências e discussões de artistas e intelectuais de importância mundial. No segundo ano, entre outros convidados, o evento contou com a participação do antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro. Desse ano em diante, além das tradicionais pré-estreias de filmes, vários livros foram lançados no saguão, onde também havia uma pequena galeria para exposições. Na galeria, foram exibidos vários trabalhos de artistas renomados, entre eles: Walter Firmo, Angeli, Laerte, Glauco, Spacca, Orlando, Denise Stoklos, entre outros.

O cartunista Orlando posa em frente a uma de suas obras exposta no Espaço.

Comecei a frequentar o cinema em 1994 porque uma amiga indicou um filme que só estava em cartaz no espaço da Augusta, ainda sob o nome do Banco Nacional. De cara me apaixonei pelo lugar e passei a visitá-lo no mínimo uma vez por semana. Adoro cada cantinho, das salas ao café do Anexo. Uma das melhores lembranças foi quando assisti à cerimônia do Oscar na sala 1, em 1999, quando Central dos Brasil concorreu ao prêmio. Vida longa ao melhor cinema de São Paulo! :-)

Valéria Camargo (frequentadora)

1995

1995

Mudanças à Vista

Sala 4, localizada no Anexo.

Com as salas 1, 2 e 3 funcionando a todo vapor, o Espaço ganhou mais duas pequenas salas, no charmoso sobrado do outro lado da Rua Augusta, que passou a ser chamado de Anexo. Assim como seu “irmão mais velho”, cedeu seu espaço não só para filmes, mas também para outras atividades, como lançamento de livros.

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Arnaldo Antunes e Tony Belotto no Anexo, na noite de autógrafos do livro “Bellini e a Esfinge”, adaptado para o cinema anos depois.

Projeto Escola do filme “O Menino Maluquinho 2”: um recorte da cultura popular brasileira para as crianças.

Em 1995, começa a ganhar evidência o Projeto Escola no Cinema, que vinha sendo desenvolvido desde a inauguração do Espaço. O projeto, em atividade até hoje, traz grupos de crianças para assistirem filmes de qualidade e vivenciarem propostas artísticas a partir de seus temas. Alguns filmes de sucesso trabalhados foram “Linéia no Jardim de Monet”, “Kiriku e a Feiticieira”, “O Menino Maluquinho”, “O Balão Vermelho”, entre outros. Durante todos esses anos, o projeto recebeu diversos artistas convidados, como Guto Lacaz, Grupo Baque Bolado, Enrique Rodriguez, Stela Barbieri, e muitos outros, que contribuíram para a ampliação dos horizontes artísticos das crianças.

Estudantes participam de atividades do Projeto Escola no Cinema ao longo dos anos.

Liv Ullman em visita ao Espaço.

Dentre os lançamentos e pré-estreias realizadas no Espaço, em 1995, a atriz e diretora Liv Ullman visitou o cinema para lançar seu terceiro filme como diretora, “Kristin”.

Guy Pearce, Hugo Weaving e o diretor Stephan Elliot no lançamento do filme “Priscilla, a Rainha do Deserto”.

Cada filme é um filme, cada festa é uma festa. O lançamento de “Priscilla, a Rainha do Deserto” foi bastante animado.

Frequento o Espaço Itaú desde muito tempo. Que orgulho! Com a retomada do cinema nacional, fui prestigiar o filme Carlota Joaquina. Como chegamos cedo, compramos os ingressos e fomos lanchar. Acabamos nos atrasando, quando entramos na sala o filme estava começando, todos sentados e nós estávamos em 10 pessoas, ou seja, não encontramos lugares para todos e resolvemos assistir todos juntos sentados no chão (!) da sala 2. Isso tudo para estrear com sorte e permanecer vendo filmes lá até hoje!

Fernando Almeida (frequentador)

1996

1996

Um novo Nome, a mesma Dedicação

Nova fachada do cinema, após transformar-se em Espaço Unibanco de Cinema.

Em 1996, o Espaço de Cinema vive sua primeira mudança de nome e passa a se chamar Espaço Unibanco de Cinema. Apesar das alterações no nome e na fachada, a programação continuou leal ao projeto inicial e o caloroso público, fiel.

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Marieta Severo segura a segunda edição da revista Cinema, da qual foi capa.

Em março de 1996, a equipe do Espaço une forças para lançar uma revista sobre a sétima arte, que chamou-se nada mais, nada menos que “Cinema”. Nas palavras do diretor de programação Adhemar Oliveira na primeira edição, a proposta da revista era “a procura de espelhar a conversa entre espectador e filme, que leva à fruição total do prazer desta comunicação.”

O ator José Wilker conversa com o diretor Walter Salles, no lançamento de seu filme “Terra Estrangeira”.
Bruna Lombardi ganha um abraço de Fernanda Torres na pré-estreia de “Terra Estrangeira”.

O Espaço continuou seu trabalho de fortalecimento do cinema nacional em 1996. Alguns dos filmes que foram lançados no cinema neste ano foram “Terra Estrangeira”, “O Corpo” e “Perfume de Gardênia”.

A atriz Cristiane Torloni, o diretor Guilherme de Almeida Prado e o ator José Lewgoy durante a coletiva de imprensa do filme “Perfume de Gardênia”, no Anexo.

O diretor Lírio Ferreira e o ator José Antônio Garcia na pré-estreia do filme “O Corpo”.

1997

1997

Cinema, Fotografia, Música, Literatura...

Sebastião Salgado autografa seu livro “Terra”, lançado no Espaço.

Firme no propósito de propiciar a convivência de diferentes públicos e linguagens artísticas, o Espaço abrigou, em 1997, o lançamento de mais de 10 livros, em parceria com editoras renomadas. Um deles, foi o livro/CD “Terra”, do fotógrafo Sebastião Salgado. O lançamento contou com uma conferência da qual participaram José Saramago e Chico Buarque, que faziam parte do projeto. A música de Chico também marcou presença em outro evento do ano: a pré-estreia do filme “A Ostra e o Vento”, de Walter Lima Jr, que foi fotografado na ocasião, junto ao ator Fernando Torres.

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Chico Buarque no lançamento do Livro/CD “Terra”, de Sebastião Salgado.

O escritor português José Saramago no lançamento do Livro/CD “Terra”, de Sebastião Salgado.

O ator Fernando Torres conversa com o diretor Walter Lima Jr. no lançamento de seu filme “A Ostra e o Vento”.

O diretor Beto Brant e a ariz Maria Padilha, em noite de pré-estreia.

Em 1997 também houve o lançamento do longa-metragem de estreia do diretor paulista Beto Brant, “Os Matadores”.

1998

1998

Apostando no Cinema Nacional

Carla Camurati em frente aos cartazes de seu filme, fixados nas portas do saguão do Espaço.

A diretora Carla Camurati ficou conhecida pelo primeiro boom de bilheteria da Retomada do Cinema Nacional, com seu filme “Carlota Joaquina”, lançado exclusivamente no Espaço, em 1995. Como um bom filho à casa torna, Carla repetiu a dose no lançamento seu segundo longa-metragem como diretora, “La Serva Padrona”. Outro diretor parceiro, que lançou todos os seus filmes no Espaço desde a inauguração do cinema, é Ugo Giorgetti que, no ano de 1998, entrou em cartaz com “Boleiros”. No mesmo ano, o Espaço também trouxe ao público a pré-estreia do importante “Central do Brasil”, de Walter Salles, que rendeu indicações ao Oscar.

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O diretor Ugo Giorgetti posa com as atrizes Marisa Orth e Denise Fraga no lançamento de seu filme “Boleiros”.

O jornalista Zuenir Ventura conversa com Maria Kodama, viúva do escritor Jorge Luís Borges.

A viúva do escritor argentino J. L. Borges esteve presente no cinema para o lançamento do livro “Jorge Luís Borges – Obras Completas”, com um bate-papo com o público mediado pelo jornalista Zuenir Ventura. A revista Cinema publicou na ocasião uma edição especial destacando a relação do escritor com a arte cinematográfica.

1999

1999

O início de Grandes Projetos

O diretor Nelson Pereira dos Santos prestigia o projeto em seu 4º ano de existência.

O “Curta Petrobras às Seis” foi um projeto que apresentou programas compostos por curtas-metragens brasileiros e teve início em março de 1999 em uma sala do Espaço Unibanco de Cinema da Augusta. Exibiu programações temáticas diariamente e aos poucos ampliou seu alcance para 14 salas, de 12 cidades brasileiras, durante 10 anos.

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Coquetel de abertura da Semana Brasil e Independentes; O diretor argentino Fernando Solanas e a diretora brasileira Suzana Amaral numa das edições da Semana Brasil e Independentes.

A semana do cinema "Brasil e Independentes" foi realizada durante três anos consecutivos, de 1999 a 2001, com o objetivo de oferecer um breve panorama do cinema independente mundial. O evento apontava nomes emergentes da cinematografia mundial e, na sua edição inaugural, reuniu vários cineastas iniciantes em uma foto memorável.

9 cineastas.

Os cineastas da Semana Brasil e Independentes: Lírio Ferreira, Marcelo Masagão, Rosane Svartman, Beto Brant, Aurélio Michiles, Arthur Fontes, Aluízio Abranches, Paulo Caldas e o mexicano Carlos Bolado, junto aos mediadores do debate, o diretor do Espaço, Adhemar Oliveira, a produtora Rebecca Yeldham e o crítico José Carlos Avelar.

O elenco do filme “Eu, Tu, Eles”, lançado numa das edições da Semana Brasil e Independentes; Gilberto Gil, compositor da música tema de “Eu, Tu, Eles” posa em frente ao cartaz do filme.

O diretor Carlos Reichenbach, o “Carlão”, e a produtora Sara Silveira, na pré-estreia de “Dois Córregos”; Os atores Fernanda Montenegro e Matheus Nachtergaele na pré-estreia de “Traição”.

E as pré-estreias do cinema nacional continuam! Com a presença de duas grandes duplas, de 1999 ficaram as fotos de Carlos Reichenbach com Sara Silveira e de Fernanda Montenegro com Matheus Nachtergaele.

O jornalista Leão Serva, Caetano Veloso e o filósofo Celso Favaretto.

O compositor Caetano Veloso conversou com o público do Espaço sobre sua atividade de crítico de cinema durante a juventude na Bahia, no evento “O Cinema Segundo Caetano Veloso”, promovido pelo Jornal da Tarde. Em 2007, um evento semelhante deu ao músico a possibilidade de programar uma série de filmes para serem exibidos no cinema. Foi a mostra “Carta Branca”, idealizada em parceria com a Folha de São Paulo.

O escritor João Ubaldo Ribeiro autografa livro para a também escritora Lygia Fagundes Telles.

O saguão do Espaço também recebeu noites de autógrafos de alguns dos Cadernos de Literatura Brasileira do Instituto Moreira Salles. Em 1999, foi a vez de João Ubaldo Ribeiro, que foi prestigiado por ninguém menos que Lygia Fagundes Telles, que figurou nos cadernos no ano anterior.

Ano: 1999. Local: um velho prédio próximo à Estação da Luz. Objeto: um caderno de jornal. Jogado em um canto, perto da sala de máquinas do edifício, a manchete do caderno de entretenimento destacava um filme com Julia Lemmertz e Alexandre Borges, sua ousadia e as reações desencadeadas. A obra de Raduan Nassar chegava à tela. Dias depois, na sala escura, a jornalistinha de merda e o honorável mestre de "Um Copo de Cólera" abalavam irremediavelmente minha alma. Ah, e vi mais uma vez na mesma sala.

Eduardo Sergio de Carvalho (frequentador)

2000

2000

Alianças Impossíveis?

Cena do filme “A Nuvem” de Fernando Solanas.

Quem diz que Brasil e Argentina ou Cinema e Teatro não se misturam, é porque não conhece o Espaço. Em 2000, o diretor argentino Fernando Solanas e a atriz Ângela Correia estiveram na Semana Brasil e Independentes acompanhando a exibição de seu filme “A Nuvem”. Após a sessão, foram até o Teatro Oficina Uzyna Uzona para conversar com os atores da companhia. O convite foi feito pelo diretor teatral Zé Celso Martinez Correa, que se viu representado no filme, que conta a história de um diretor na luta contra a demolição de seu teatro.

2001

2001

Sala 4: Coração de Mãe

Cartazes de Mostras e Festivais de temáticas diversas, exibidos na sala 4 em 2001.

Apesar de pequena, a sala 4, no Anexo, tem vocação de coração de mãe: sempre cabe mais um. E sem preconceito, é claro. Mostras e festivais de diversos temas, formatos, diferentes propostas poéticas e estéticas passaram por ela ao longo dos anos. 2001 foi um ano especialmente agitado: nele, a sala 4 acolheu o III Festival de Super 8, que trazia produções no antigo formato da película; o 12º Festival Internacional de Curtas; pré-estreias de curtas-metragens de estudantes de cinema; a Noite Cinema Animadores, que mostrou o trabalho de profissionais brasileiros do cinema de animação; o festival Mix Brasil da diversidade sexual; uma mostra de cinema austríaco e ainda uma palestra com o autor cubano Pedro Juan Gutiérrez. Diversidade foi a tônica.

2002

2002

Espaço de Cinema... e Debate

Cartazes dos filmes “Cidade de Deus” e “Deus e o Diabo na Terra do Sol”.

Em setembro de 2002 o Espaço recebeu alguns dos cineastas e críticos de cinema mais importantes do país para discutir a oposição estética entre algumas produções da época e o Cinema Novo. Chamado de “Da Estética e Cosmética da Fome”, o evento debateu principalmente a polêmica em torno do filme “Cidade de Deus”, apontado pela critica Ivana Bentes como representante de uma “cosmética da fome”, ao comparar sua linguagem à proposta estética de Glauber Rocha nos anos 1960. Neste mesmo ano discutiu-se também a linguagem de documentário com o filme “Janela da Alma”, de João Jardim, que suscitou várias noites de debate.

2003

2003

O Espaço faz 10 anos

Postal comemorativo dos 10 anos do Espaço.

Para comemorar uma década trazendo o melhor do cinema internacional e incentivando continuamente a produção nacional, o Espaço ofereceu ao público duas mostras. Na primeira, foram exibidos, entre outros, "Satyricon", de Fellini, "Salomé", de Carlos Saura, "Amen", de Costa-Gavras, "Violação de Conduta", de John McTiernan, e "Os Vigaristas", de Ridley Scott. A outra mostra, de cinema brasileiro, incluiu longas como "Bicho de Sete Cabeças", de Laís Bodansky, "Central do Brasil", de Walter Salles, "Durval Discos", de Anna Muylaert, "Cronicamente Inviável", de Sérgio Bianchi, "Sábado", de Ugo Giorgetti, e "Edifício Master", de Eduardo Coutinho. Nos intervalos das sessões, bandas de chorinho e MPB animaram o público no saguão.

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O multi-artista Antônio Nóbrega e seu filho Gabriel, em show no palco da Sala 1 do Espaço.

Como parte das comemorações dos dez anos do Espaço, o multi-artista Antônio Nóbrega participou de 3 encontros com o público, em Outubro: o lançameno do DVD de seu show “Lunário Perpétuo”, dirigido por Walter Carvalho, com presença do diretor e noite de autógrafos, exbição do DVD seguida de debate e um show do artista no palco da sala 1.

Livros sobre cinema lançados no Espaço em 2003.

O Espaço não recebe o cinema só nas telas. Neste ano foram lançados diversos livros cujo protagonista é a sétima arte. Entre eles, um livro sobre o cinema da retomada, do crítico Luiz Zanin e um livro sobre a história do cinema, do também crítico Luiz Carlos Merten.

2004

2004

Ensinar cinema, por que não?

Folder de divulgação do primeiro curso do Espaço, com Eduardo Coutinho.

Após dez anos de mostrar e pensar cinema, com uma programação cuidadosa e muitos debates realizados, chega a hora de dar mais um passo: em 2004, o Espaço passa a oferecer cursos sobre diferentes áreas e gêneros do cinema, abordando todas as etapas, desde a pré-produção até a crítica. O curso inaugural abordou o cinema documentário e o professor foi ninguém menos do que o mestre do documentário brasileiro, Eduardo Coutinho. Outros temas abordados foram o roteiro cinematográfico, com Di Moretti, Bráulio Mantovani, Carlos Reichenbach e Marçal Aquino, reflexões sobre filmes latino-americanos com José Carlos Avellar, assistência de direção com Walter Lima Jr., entre outros. O sucesso dos cursos de cinema do Espaço fez com que o Anexo ganhasse uma sala exclusiva para eles, que acontecem até hoje.

2005

2005

Uma Odisseia no Espaço

Logomarca "Odisseia de Cinema".

Achou o título estranho? Não, não é um erro no nome do filme de Stanley Kubrick (o consagrado "2001: Uma Odisseia no Espaço"). Em 2005, teve início o projeto chamado “Odisseia de Cinema”, focado no público jovem, que durou até 2008. Uma vez por mês, uma maratona de filmes era exibida nas três salas do Espaço durante a madrugada, com sessões intercaladas com música eletrônica no saguão. No final do evento, era servido um café da manhã para os “sobreviventes”.

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Cartaz do filme “Sopro no Coração”, de Louis Malle, exibido na primeira Sessão Cineclube.

Uma das muitas parcerias entre o Espaço e o jornal Folha de São Paulo teve início neste ano: a Sessão Cineclube. No evento mensal, havia a exibição gratuita de um filme clássico, escolhido por um convidado do universo cultural e intelectual brasileiro. A primeira edição do evento exibiu o filme “Sopro no Coração”, de Loius Malle, com a presença de Contardo Calligaris para um bate-papo com a plateia. Alguns outros convidados do evento foram Raul Cortez, Milton Hatoum e Rubem Alves.

2006

2006

Festa Estranha, Gente Esquisita?

Cartaz do filme “Eu, Você e Todos Nós”.

Em 2006 o Espaço sediou o lançamento do premiado filme “Eu, Você e Todos Nós”, da diretora Miranda July, que foi agraciado com o trocadilho “filme estranho, com gente esquisita”. O próprio Espaço poderia ser alvo de um trocadilho parecido, pois sempre foi um lugar onde circularam pessoas das mais variadas tribos e estilos. Mas, se a frequência de gente supostamente “esquisita” por aqui continuar como na foto abaixo... que venham outros 20 anos!


O ator Paulo Autran, com Karen Rodrigues e Crstina Carvalho em noite de pré-estreia no Espaço.

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Frequentamos o Espaço Itaú desde os anos 90. É um cinema que considero como a casa de um amigo que sempre gostamos de visitar. Vez em quando, após algum tempo sem aparecer, eu e minha esposa nos falamos: "Vamos lá no Espaço Itaú!" É ali que nos nutrimos da sétima arte, é ali que reflexões surgem. A foto é de uma sessão do filme "Batismo de Sangue" onde houve uma abertura com o Frei Betto que é para nós uma referência! Vida longa ao Espaço Itaú! Você é um amigo que queremos visitar!

Rogério Araujo (frequentador)

2007

2007

Ecos Cineclubistas

A emblemática cena da escadaria de Odessa, do filme “O Encouraçado Potemkim”, de Sergei Eisenstein.


Continuando a tradição do cineclubismo, presente na raiz de sua programação, o Espaço inicia em 2007 a exibição da Sessão Cinéfila, uma sessão semanal de resgate de filmes icônicos da história do cinema. A sessão de abertura do projeto exibiu o filme “O Encouraçado Potemkin”, do cineasta russo dos anos 1920, Sergei Eisenstein.

2008

2008

Parceria com Festivais

À esquerda, Zita Carvalhosa, diretora do Festival de Curtas, conversa com Leon Cakoff e Renata de Almeida, diretores da Mostra Internacional de Cinema. À direita, o público no lançamento do Guia Kinoforum de Festivais, no Anexo.

A parceria do Espaço com os diversos festivais de cinema da cidade de São Paulo já é conhecida do público, mas poucos sabem que a mais longa delas, que tem quase a idade do cinema, é com o Festival de Curtas. Em 2008, o Anexo teve ainda o prazer de celebrar junto a Zita Carvalhosa, diretora do Festival, o lançamento do Guia Kinoforum de Festivais, que compila os festivais que têm o audiovisual brasileiro como carro-chefe.

2009

2009

A Cara de São Paulo

Cartaz do filme "Um Homem de Moral", de Ricardo Dias.

Para alguns, o Espaço da Augusta, com toda sua diversidade de programação cultural, tem a cara da cidade de São Paulo. Para fazer jus a tal elogio, o cinema não poderia ficar de fora da homenagem aos 85 anos de Paulo Vanzolini, autor de uma das canções mais emblemáticas da cidade, “Ronda”. A homenagem que, em 2009, teve uma semana com diversas atividades, incluiu a pré-estreia seguida de debate do documentário “Um Homem de Moral”, no qual o diretor Ricardo Dias retrata o artista. Apesar de Vanzolini ser avesso a elas, a escolha desse evento para o ano de 2009 é a singela homenagem do Espaço a esse grande compositor paulistano, que faleceu no ano de 2013.

2010

2010

Ponto de Encontro da Cinefilia

O cineasta Carlos Reichenbach, o diretor de programação do Espaço Adhemar Oliveira, e o crítico Inácio Araújo.

Mostra de filmes raros, cultuados pelos cinéfilos, e um fórum de discussão e memória sobre a experiência do cinema, o projeto “Seminários de Cinefilia” foi idealizado por Carlos Adriano como uma homenagem ao produtor e programador de cinema Bernardo Vorobow. Com o objetivo de permitir o encontro do público com profissionais do cinema (eles também, cinéfilos), para uma conversa em que convergiram depoimento pessoal e análise histórica, a programação contou com os cineastas Carlos Reichenbach e Walter Salles, os críticos Alcino Leite Neto, Inácio Araújo e Ismail Xavier e o diretor de programação Adhemar Oliveira.

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Os críticos Ismail Xavier e Alcino Leite Neto ao lado do diretor Walter Salles em um dos seminários com o público atento às experiências compartilhadas pelos palestrantes.

Lançamento do filme "O Homem que Engarrafava Nuvens".

Nas noites de pré-estreia, tão comuns no Espaço, estão sempre presentes os cinéfilos, os fãs, e, é claro, alguns integrantes da equipe do filme da noite. Mas o cinema também serve de ponto de encontro para os "colegas de profissão" do mundo do cinema. Neste ano, o diretor Lírio Ferreira e a atriz e produtora Denise Dumont, no lançamento de seu filme "O Homem que Engarrafava Nuvens", foram prestigiados por vários deles, como o diretor Kiko Goiffman, o roteirista Hilton Lacerda, a produtora Bianca Villar, a diretora Tata Amaral e a atriz Betty Faria.

2011

2011

Experimentações Audiovisuais

Mais uma combinação de artes encontrou abertura no Espaço no ano de 2011. No evento TIMELESS, produção Mochilla e Daniel Nogueira, foi exibida uma série de três filmes dirigidos por Brian Cross, registrando shows históricos dos compositores e arranjadores Arthur Verocai (Brasil), J. Dilla (EUA) e Mulatu Astatke (Etiópia). No último dia do evento, o DJ e VJ Jrocc apresentou ao público um live video mix dentro da Sala 1, editando e projetando áudio e vídeo dos três filmes simultaneamente e ao vivo, criando novas imagens e sonoridades.

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O curta-metragem "Ruas do Cinema", realizado por alunos da ECA-USP em 2011, traz o cenário da extinção das salas de cinema de rua de São Paulo, hoje substituídas pelos multiplex dos shopping centers, a partir da experiência do Espaço Itaú de Cinema - Augusta, um dos únicos projetos do gênero que ainda se mantém na cidade. Por meio de depoimentos de Carlos Reichenbach, Ismail Xavier, Carlos Augusto Calil, Adhemar Oliveira, André Sturm, entre outros, o filme transita pelas ruas próximas a este cinema, procurando registrar o que torna única a experiência do cinema de rua.

2012

2012

Novo Visual

Inauguração da nova identidade Espaço Itaú de Cinema.

Uma nova mudança de nome veio acompanhada de uma bela reforma, com melhoria de instalações e equipamentos, e também uma repaginada no visual. A Rua Augusta ganhou novas cores na fachada do 1.475, mas não perdeu o espaço de convivência e os bons filmes que há tantos anos contribuem para o movimento do local.

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Esse dia estava de folga e aproveitei para ver 2 filmes, um atrás do outro. Adoro cinema, e sempre tento assistir aos filmes pela Paulista, pois os melhores filmes estão por lá.

Ana Cristina de Paula (frequentadora)

2013

2013

Feliz Aniversário, Espaço!

E você, onde estava nos últimos 20 anos?

20 anos depois, o Espaço da Rua Augusta continua firme e forte, apesar de ser um dos poucos cinemas de rua restantes na capital paulista. Com o sucesso que fez e faz, e tanta história para contar, não faltam motivos para comemorar! Duas mostras foram pensadas para celebrar esse momento: os trabalhos foram iniciados em 2012 com uma seleção de filmes brasileiros que estiveram em cartaz no Espaço durante esses 20 anos e, nos próximos dias, será anunciada a mostra comemorativa internacional, que resgatará grandes sucessos estrangeiros que foram exibidos nas cinco salas.

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